Permita-se autocuidado

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Nesses últimos tempos tenho pensado muito sobre como a gente inventa regras pra gente mesmo (ou se deixa levar pelas regras dos outros) e acaba se oprimindo diante das atividades do dia a dia. É tanto "tem que" que a gente deixa de perceber o que realmente "gostaria de" ou "seria tão bom se". Faz sentido essa reflexão pra você? Hoje eu quero falar sobre permitir-se cuidar de si mesmo.

Após a morte de meu pai no final de maio, me pego me forçando a fazer algumas coisas e retomar algumas atividades, ou ficando mal quando não consigo. Isso é bem doido sabe? É um reflexo de tanto "tem que". Eu percebi que tinha medo de me permitir ser mais maleável com as minhas atividades como se isso fosse acabar com a minha organização pessoal, mas eu descobri que me permitir não seguir a minha rotina ou planejamento quando outras coisas são prioridade é também organização.  É se permitir autocuidado, o que é super importante para manter o equilíbrio e a disposição para todo o resto.

Cuidar-se pode ter a ver com muitas coisas diferentes e pode ser inclusive tirar um tempo para não fazer nada e ficar divagando sobre a vida acontecendo ao seu redor. Apesar de parecer nada produtivo, é justamente o contrário. Quando a mente divaga, você relaxa, libera o seu espaço de atenção e depois fica bem mais fácil focar no que for preciso, fora o estímulo à criatividade já que o ócio criativo é essencial nesse processo.

O ponto é que é legal você começar a perceber e identificar o que é autocuidado para você. Ficar atento as suas necessidades em cada momento e perceber que estratégias você pode usar para atendê-las. Isso evita da gente se deixar levar por elas de maneira inconsciente e acabar metendo os pés pelas mãos (essa é a base da comunicação violenta por sinal, já ouviu falar? Clica aqui pra ver uma resenha que eu fiz sobre o livro do Marshal Rosemberg sobre esse assunto).

Mas descobrir o que você precisa e o que significa autocuidado para você é só a primeira parte. Difícil mesmo nesse nosso mundo corrido, que valoriza tanto estar ocupado e a dedicação extrema na crença de que tudo é possível, é permitir-se atender a essas necessidades sem se julgar preguiçoso ou egoísta. 

A gente aprendeu que devemos nos sacrificar em prol dos outros (família, emprego, sociedade) e cuidar da gente só depois que todas as obrigações tiverem sido cumpridas. Mas e a nossa obrigação com o nosso bem-estar? Será que é saudável essa ausência de dedicação e acolhimento a nós mesmos?

É muito comum receber na consultoria pessoas (a maioria das vezes mulheres) sobrecarregadas que dizem não ter tempo para o autocuidado. Muitas vezes o que existe é uma idealização nos vários papéis que essas pessoas desempenham e também no que significa autocuidado. Algumas pessoas têm uma imagem tão inalcançável do que seria ser uma mulher, mãe, esposa, empreendedora ou funcionária que fica praticamente impossível se sentirem satisfeitas e felizes. E ainda imaginam que autocuidado é apenas um dia no spa com tudo pago, o que torna bem difícil alcançar no dia a dia.

Aproveita esse post para refletir sobre o seu conceito de autocuidado e sua disponibilidade para incorporá-lo aos poucos na sua rotina. Se permita se escutar, se acolher e respeitar seus limites. Isso também é organização, viu?

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