As singularidades e o coletivo da pandemia

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Nunca estivemos tão isolados e ao mesmo tempo tão conectados, eis o aparente paradoxo dessa pandemia. Vamos falar hoje sobre as demandas individuais e as demandas do contexto coletivo e como lidar com tudo isso em termos de priorização e administração do seu tempo e da sua vida.

Estamos em casa (a maioria de nós, claro, há quem esteja trabalhando na linha de frente para garantir que possamos estar bem em casa, uma salva de palmas pra essas pessoas, aliás) isolados por causa de uma necessidade coletiva: a contenção da propagação do Coronavirus. Normalmente não temos a oportunidade tão clara de experimentar o quanto a nossa ação como indivíduo pode afetar a sociedade da qual fazemos parte. Agora temos. Sair na rua pode gerar um efeito em cascata que espalha o vírus rapidamente, lota hospitais, colapsa o sistema de saúde, leva a morte e a um colapso nos cemitérios.

Normalmente, no nosso dia a dia, não paramos para pensar no coletivo. Fazemos parte do mundo mas caminhamos por muito tempo para uma postura individualista e egocêntrica em que nossas necessidades se sobrepõem às necessidades dos outros seres vivos. Isso nos levou para o nosso adoecimento (ansiedade, depressão) e para o adoecimento do mundo (extinção de espécies, poluição, redução dos recursos naturais, aquecimento global). Olhávamos essas coisas todas como tão distantes de nós que era normal se ver alheio a tudo isso (provável razão pela qual ainda tem gente dando uma de doido e furando a quarentena). 

Mas não estamos sozinho no mundo e, mesmo sendo seres inteligentes e evoluídos do ponto de vista das espécies, não somos os donos do planeta. O planeta vive bem sem a gente e várias notícias nos mostram isso. Se isso não for um chamado para que você perceba o impacto das suas escolhas individuais, eu não sei mais o que seria. É hora da gente refletir e buscar o equilíbrio.

Ah Alice, mas isso é mais uma coisa com que me preocupar e tirar meu sono! Não tenho tempo pra isso! Mais ou menos, sabe? Porque essas coisas sempre estiveram aí, você que não estava olhando pra elas. E o que vai precisar fazer agora é encará-las no bolo de atividades que precisam ser priorizadas.

Você precisa sim pensar em suas necessidades, sua vida, seus objetivos. Mas precisa também pensar no impacto das suas escolhas no mundo. Precisamos nos responsabilizar pelo que fazemos e planejar nossas ações levando todas essas coisas em consideração. 

Sem paralisar, sem virar extremista e fechar os olhos para sua individualidade, sem retornar ao caos egocentrista. Um (ou vários) dos 50 (ou mais) tons de cinza entre o preto e o branco. Cuidar de si sem perder de vista o outro. Cuidar do outro, sem se prejudicar. Olhar para si mesmo como parte do todo e como alguém único que pode fazer a diferença com suas singularidades.

Mergulho de autoconhecimento forte e visão analítica para coletar informações e tomar consciência dos impactos das suas escolhas no mundo. Esse será, cada vez mais, o caminho para um desenvolvimento pessoal saudável e equilibrado.

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