Felicidade é questão de ser...

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Nesse post de hoje eu quero falar sobre saúde mental. Tá rolando uma campanha chamada Janeiro Branco para divulgar a importância de cuidarmos da nossa saúde mental. Sou super a favor e fiz esse texto pensando nisso, na importância de falarmos sobre esse assunto. Principalmente porque falo sobre produtividade e muita gente ainda acha que produtividade é fazer sempre mais, o que pode levar a uma sobrecarga e contribui para te deixar muito mal. (Se quiser saber mais sobre a minha visão sobre produtividade, vem nesse post aqui).

Alguns anos atrás, passei por um período meio introspectivo e tive uma leve depressão. Não tinha muita vontade de fazer nada e nada tinha muita graça. Foi um período meio sombrio e confuso, em que eu percebia que as coisas não estavam bem mas eu não sabia explicar por que. Já fazia terapia nessa época e acredito que foi um período importante nesse processo de autodescoberta. Eu me sentia meio vazia e não sabia muito bem se as escolhas que eu estava fazendo eram minhas. 

Me lembro da psicóloga me perguntar o que eu gostava de fazer e eu perceber que não sabia. Eu mesma, assim, sozinha, sem ninguém sugerir ou sem ninguém dizer, não sabia. E então ela me propôs me observar pra perceber o que me fazia bem e me permitir experimentar quando viesse alguma vontade, por menor que fosse, de fazer alguma coisa. Foi um período interessante. Me lembro de um dia estar no trabalho depois do almoço em uma sexta feira e sentir uma vontade de ir pra praia e ficar sozinha. Resolvi então que ia viajar no final de semana. Eu ainda morava com minha mãe e minhas irmãs em Salvador. Passei em casa, peguei uma sacola com o que iria precisar e fui. Me permitir fazer coisas como essas e descobrir o que eu curtia e o que não me fazia bem foi muito importante pra mim e me fez mais forte, resgatou a minha alegria de viver.

Eu estou falando sobre isso aqui porque algumas vezes nas redes sociais recebo comentários de pessoas que aparentam estar passando por um processo depressivo, as vezes leve como o que eu passei e outras vezes até mais grave. Vejo agonia, desesperança, melancolia, tristeza profunda e uma sensação de que nada vai melhorar ou resolver. Como boa parte do meu conteúdo é um estímulo ao autoconhecimento e autocuidado através da organização, é natural que coisas assim apareçam. Quando a gente não está bem, a vida dá uma desestruturada geral e o sintoma aparente pode ser a desorganização, mascarando algo bem mais profundo.

Hoje eu vim aqui dizer que se você está passando, passou ou conhece alguém que passa por isso, saiba que acontece e que não te ajuda se sentir culpado, procurar culpados, olhar a grama do vizinho, se forçar a se encaixar em algum padrão ou buscar uma perfeição ilusória. Vim dizer também que você pode descobrir a felicidade na sua vida de várias formas e que não é preciso um grande gesto. Para ser feliz, a gente precisa se conhecer, se observar, se permitir, se acolher, se cuidar. 

Pode começar com acolher uma vontade de tomar sol e sair pra rua. Ou com um desejo por suco de morango ou brigadeiro. Você pode conseguir encontrar sozinho ou pode precisar de ajuda. E não tem nada de errado em precisar de ajuda. Tem tanto profissional capacitado que pode te ajudar! 

Quando eu penso em felicidade me lembro muito de uma música que a Lucinha Lins cantava com o trem da alegria, se não me engano, que era assim:

"Perguntei pro céu, perguntei pro mar, pro mágico chinês, mas parece ninguém sabe aonde a felicidade resolveu de vez morar. Até que um anjo me disse que ela existe e que é tão fácil encontrar: bem lá no fundo do peito, onde o amor é feito, é só você se entregar que você vai ser muito feliz, é só na vida acreditar"

Eu, nerd assumida, uma época resolvi pesquisar sobre felicidade. Criei um questionário e enviei para amigos de diferentes grupos para entender de onde vinha a felicidade, o que eles achavam que era felicidade. Foi divertido receber as respostas e ver quanta coisa diferente surgia e como só o fato de fazer aquelas perguntas mexeu tanto com eles e também comigo. Fez surgir tantas conversas profundas e trocas maravilhosas e fez a gente perceber a importância das pequenas coisas.

Na conclusão da minha pesquisa, vi que a felicidade é algo muito pessoal. Está relacionado aos valores e princípios eleitos por cada um como prioridade. Percebi também que tem mais a ver com sensações, momentos do que com períodos longos. Percebi que não existe conceito único, não existe teoria que explique e comprove. Felicidade só faz sentido pra quem está feliz. Felicidade apenas é.

Seja feliz mas não se chateie se estiver triste. Também faz parte. E se não estiver conseguindo encontrar de vez em quando a felicidade em si mesmo, cuide de si mesmo, procure ajuda. Sua saúde mental é importante. Se cuida!

#PorUmaCulturaDaSaúdeMental #JaneiroBranco


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