Quando a bagunça vale a pena

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Eu não gosto de desorganização. Adoro a sensação de chegar em casa e ver tudo no lugar, adoro olhar a minha agenda de compromissos e ver que a rotina está em ordem, adoro olhar meus cronogramas e projetos e ver que estão dentro do prazo. Me deixa feliz, tranquila, leve. Mas isso não significa que a bagunça não aconteça na minha vida e que, em alguns momentos, eu até encare ela como bem-vinda. Deixa eu te contar sobre alguns desses momentos e depois você me conta se concorda comigo.

  • Brinquedos espalhados pela casa no final de semana: quando passamos o final de semana em casa, no domingo a noite tem brinquedo espalhado para todo lado. Nos quartos, na sala e até na cozinha. No início eu me estressava, dizia que a Clarice tinha que brincar de uma coisa de cada vez e então guardar antes de pegar o próximo (até falei sobre a organização do cantinho de brincar nesse post aqui). Mas eu tenho parado com isso. É tão divertido misturar os brinquedos e inventar um jeito novo de fazer as mesmas brincadeiras...a gente usa peças de quebra cabeça pra fazer os tapetes da casa das bonecas, a gente brinca de restaurante e leva comida de mentirinha pra cozinha, a gente junta material reciclável na sala e faz uma televisão e brinca de teatrinho. Cada vez é diferente e sempre é divertido. Vejo ela associando as coisas da vida, vejo ela usar a criatividade, vejo ela se deparar com problemas e dar soluções. Eu sei, a casa não precisa virar de ponta cabeça pra nada disso. Mas se de vez em quando ela vira, ninguém precisa morrer também. No domingo a noite, nosso combinado é colocar tudo de volta no lugar. As vezes dá preguiça (em mim também dá), mas ela sempre ajuda. E ver ela guardando tudo é o suficiente para me deixar feliz.
  • Tirar um tempo pra mim: a minha rotina é sempre organizada, planejo as atividades, reviso, processo. Mas tem dias que tô de mau humor, tô de tpm, ou tô meio triste mesmo e eu resolvo jogar todo o planejamento fora e tirar um tempo pra mim. Pode ser pra não fazer nada, pode ser ver tv, pode ser ler, ouvir música, ir ao salão, ir a praia. Não importa. Depende do dia e de como eu estiver me sentindo e do que der vontade e tiver disponibilidade pra rolar. As vezes bate a culpa, as vezes vem a ansiedade pensando sobre tudo que vou ter que fazer no dia seguinte. Mas sempre passa. E essa pausa me faz muito bem. As atividades da semana ficam meio bagunçadas, mas tudo volta a ordem depois. E as vezes o meu foco e disposição voltam com força até maior.
  • Caos na cozinha experimentando uma receita nova: eu não sei cozinhar. Nunca quis me entender com a cozinha. Mas eu sempre achei a cozinha um lugar divertido. Tipo um laboratório científico. Misturar os alimentos, os tipos de cozimento, o funcionamento dos utensílios. O marido sabe cozinhar e por algum tempo quem fazia a comida em casa era ele. Eu de vez em quando me aventuro. Bem de vez em quando e só pra fazer receitas diferentes. Eu tinha um prato que fazia sempre que ia algúem lá em casa que era Frango ao Molho de Maçã. Só sei fazer olhando a receita. E a cozinha fica uma bagunça...acho que faz parte do ritual de cozinhar pra mim. Tiro tudo, deixo a mostra, vou misturando e colocando os recipientes depois na pia. Quem cozinha sempre não faz isso. Vai lavando enquanto suja, pra não virar bagunça. Eu acho que perde a graça.  
  • Tudo fora do lugar e pia cheia de louça depois daquele jantar entre amigos: acho que essa é a bagunça que eu mais gosto. Não sei se é uma coisa de ser filha de baiano com mineira, mas eu adoro receber gente em casa. Adoro ter muitos amigos e ter sempre eles por perto. Meus pais me criaram assim. Os trabalhos em grupo no colégio e depois na faculdade eram sempre lá. E eu adorava. Adorava ter meus amigos perto, vivendo por um tempo comigo. Mas faz uma bagunça danada. Coisas se espalham, se sujam. É inevitável. E a preguiça de ver a pia cheia ou a casa suja com as coisas fora do lugar nunca foi maior que a alegria e euforia que me dá de ter meus amigos comigo. 
  • Viagem surpresa: essa é novidade pra mim. A uns meses atrás eu te diria que seria impossível me levar numa viagem surpresa, bagunçaria demais minha vida e me traria um estresse que não compensaria. Depois de ter feito uma viagem surpresa mês passado eu já posso te dizer que foi um excelente aprendizado (falei sobre isso na newsletter para quem me segue por lá). Foi um exercício de auto-conhecimento e foi uma oportunidade de descobrir que quando estamos com as coisas em ordem coisas assim podem acontecer sem grandes prejuízos e no fim dá tudo certo.

Resumindo, acho que a bagunça momentânea é válida e até divertida. Não vejo isso como desorganização. Desorganização pra mim é bagunça fora do controle. Sair da rotina de vez em quando, fazer uma baguncinha em casa no final de semana, isso é viver bem e de maneira saudável. E isso me lembra Drummond: " Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente. Arrume a sua casa todos os dias...Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...E reconhecer nela o seu lugar."




E você? Tá com a vida em ordem? Tem espaço pra bagunça momentânea por aí? Me conta!

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