Sobre a relação entre tempo e satisfação

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Dedicar boa parte do seu tempo a uma atividade ou área da vida não é sinônimo de ficar mais satisfeito com ela, já percebeu? Às vezes na verdade parece que é o contrário...quando mais você dedica tempo a uma atividade mais insatisfeito você fica. Mas não é sempre também que funciona assim, o que leva a crer que satisfação e dedicação não têm relação direta uma com a outra. Essa relação é um pouco nebulosa e é importante a gente bater um papo e refletir sobre isso.

Eu não sei se você já passou por isso, mas era muito comum quando estava trabalhando além da conta, por exigências da empresa em atividades com as quais eu nem concordava, chegar em casa e me sentir desestimulada. Eu queria dormir de cansaço, pra esquecer o dia chato, mas ao mesmo tempo pensava que dormir só me deixaria mais próxima do dia seguinte, que prometia ser tão chato quanto. A minha satisfação nessa época estava em planejar o que eu poderia fazer para reduzir o tempo de trabalho e relaxar com as coisas que eu gostava como ler, ouvir música, estar com os amigos e ficar de pernas pro ar no sofá.

Mas eu não acho que a questão está na dedicação de tempo em si, sabe? Não era o ficar muito tempo no trabalho que me incomodava exatamente. Era não me encontrar ali, era não sentir mais prazer no que eu fazia, era perceber que havia uma desconexão entre o que eu era e queria ser e aquilo que eu fazia no dia a dia. E eu sei que a gente não vai ser feliz em todas as atividades do trabalho sempre, nem se preocupa que esse não é um daqueles posts sobre propósito que você já não aguenta mais ler.

O meu ponto aqui é te lembrar que uma coisa não tem a ver com a outra porque na prática a gente esquece disso. Eu gostava do que eu fazia lá no início...mas o exagero me fez questionar se aquilo estava me satisfazendo, percebe? Tipo a gente quando quer muito estar com os filhos da gente, mas quando fica muito tempo só com eles cansa e torce para as aulas voltarem, sabe como é? É isso. Dedicação não tem uma relação assim direta com a satisfação. Tem um limite. E o que eu quero dizer é que é importante reconhecer que esse limite existe e descobrir onde está o limite nas atividades que realiza em cada área da sua vida. E é na percepção do quanto você está conectado com o que está fazendo e o quanto aquilo contribui para a vida que você deseja que está o caminho.

Eu poderia dizer que é no equilíbrio que está a chave, como eu sempre digo aqui. Mas já percebi que essa frase sozinha também não ajuda muito. Porque ela pode te dar a ilusão de que é preciso dividir o tempo matematicamente entre as áreas da sua vida e suas atividades e isso não é nada viável. A busca na verdade que você precisa fazer é mais subjetiva. Tem a ver com a sua percepção sobre seu nível de satisfação com as coisas que realiza, com uma conexão e presença para identificar aquele ponto em que as coisas perdem o sentido.

É aí que vai estar o ponto ótimo no relacionamento entre tempo e satisfação. O que a gente quer na produtividade e organização não é buscar o equilíbrio na distribuição do tempo, e sim encontrar a distribuição que nos aproxime do equilíbrio no nível de satisfação que sentimos ao vivermos nossa vida.



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