Não existe controle total

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Eu costumava dizer que a organização me ajudava a ter controle e segurança sobre as coisas. Me preparava para o futuro. Planos, metas, rotina, hábitos. Sim, a organização ajuda, não tenho dúvidas disso. Mas nada é capaz de te dar controle total. NADA. E a gente precisa se dar conta disso.

No sábado passado eu experimentei a perda total de controle. Cai, uma queda boba, fraturei o tornozelo, uma fratura séria. Descontrole e caos. Eu não conseguia me mexer, eu precisava de ajuda. E depender de ajuda é perder o controle. Marido, desconhecidos na rua, cunhado, irmã, filha, amigos, familia, enfermeiras, médicos, técnicos. Ajuda para comer, para ir ao banheiro, para praticamente tudo. E ter paciência. Eu precisava esperar que o edema diminuisse para fazer a cirurgia. E não tinha nada que eu pudesse fazer, além de manter o pé para cima e esperar. 

Foi horrível. Eu queria fazer alguma coisa...beber agua ajuda? Exercícios? Não...só o pé pra cima mesmo. E eu faço o que? Aproveita, descansa, lê. Parece fácil e obvio, mas na prática não é tão simples. A cabeça está a mil e até as coisas simples ficam difíceis.

Você não precisa quebrar o tornozelo (aliás, ninguém precisa, não desejo isso pra ninguém) para experimentar situações de descontrole. A verdade é que o controle é uma ilusão. O que a gente faz é minimizar os riscos. Diminui a probabilidade de coisas ruins acontecerem e o impacto, caso aconteçam. Mas não tem controle nenhum sobre o que vai, de fato, acontecer.

Faz o que então, Alice? Rpz, faz o que dá pra fazer e faz bem feito. O resto, aceita e relaxa. Pode ser bom, pode ser ruim, a gente não sabe. Mas a gente pode tentar fazer o melhor que estiver ao nosso alcance, a gente pode espalhar o bem e cultivar pessoas de bem a nossa volta. A gente pode ser sempre educado, ético, responsável, dedicado, organizado. Nada é garantia. Mas tudo ajuda. Ajuda a reagir mais rápido quando o caos acontece. Ajuda a minimizar as perdas.

A organização não me livrou da perda do controle. Mas me ajudou a lidar com ela. A vida continuou. Eu tô bem, me recuperando. A filha tá bem, mantendo a rotina. A Avesso não ficou sem post. As parceiras seguraram a onda na 3D. O mundo seguiu, a vida continuou. E tá tudo bem. 

Quanto antes a gente percebe isso, menos a gente sofre. Porque a tendência é sofrer demais pelo que poderia ter sido, ou o que gostaria que tivesse sido. Só que nada disso vai mudar o que já foi. A vida é mudança e aceitar isso é o primeiro passo para viver melhor.

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