Aprendizados da quarentena

05:00



Desde Março quando entrei em quarentena me comprometi a fazer um post por semana sobre esse tema para ajudar você a usar a organização para refletir e lidar melhor com esse momento que ainda estamos vivendo. Três meses se passaram e esse é o post de número 14 da série #CoronaDoAvesso. Esse também é o último post extra sobre esse tema. Não que não tenha mais o que ser dito sobre esse assunto, mas porque sinto que preciso descansar um pouco da rotina intensa de produção de dois posts por semana por aqui. Podem continuar enviando sugestões para essa série que elas serão incluídas na programação normal dos sábados. 

Eu disse que a série surgiu para ajudar vocês a usar a organização para lidar com a quarentena, mas eu preciso dizer também que ela me ajudou a lidar com a quarentena. Eu aprendi muito nesses três meses e parte disso tem a ver com o compromisso de refletir sobre o papel da organização nisso tudo para registrar aqui para vocês. É por isso que eu vim aqui hoje finalizar com alguns dos aprendizados que eu tive com esse período de isolamento (o aprendizado não acaba, vamos aprender ainda muito juntos sobre esse momento que estamos vivendo). 

Rotina é bem estar: a rotina me ajudou a seguir em frente nos tempos difíceis e me deu segurança de que pelo menos uma parte da minha vida estava estruturada. Foi me ajudando também a lidar com a sobrecarga e visualizar e tomar decisões sobre o que priorizar fazer. Vi também o quanto ter uma rotina ajudou a minha filha a enfrentar o tédio e as aulas online.

Autoconhecimento ajuda a lidar com crises: fazer terapia, olhar pra mim mesma e conhecer um pouco do meu funcionamento e do que eu gosto e preciso pra ficar bem me ajudou a priorizar e reconhecer o que precisava em cada fase dessa quarentena. As vezes fugir das notícias, às vezes ligar pra família e amigos, encontrar espaço pra leitura. Ir percebendo o que era uma necessidade minha e o que era a pressão externa, o que era uma real preocupação e o que era sobrecarga desnecessária.

Contato e conexão são importantes: sinto falta de abraçar as pessoas por aí, de estar perto fisicamente. Estou acostumada a ficar longe da família e dos amigos, mas senti falta de me aproximar deles nesse período. Estar isolada em casa em meio a tantas preocupações me fez procurar a conexão com as pessoas importantes na minha vida com mais frequência que antes e me divertiu em vários momentos nos últimos meses. Inclusive a conexão com vocês, nos comentários, e-mails e mensagens (aliás, vocês não fazem ideia do bem que um comentário faz).

O online pode aproximar ou afastar, depende de você: todas as atividades migraram pro online. Reuniões, trabalho, estudo, eventos, relações. A mudança no meio não deveria impactar tanto assim mas impacta. E é importante saber que cabe a nós decidir o uso que queremos fazer do virtual. Para nos aproximar das pessoas e das coisas que são importantes pra gente ou pra nos afastar da dor, da preocupação e do tédio. 

O comportamento de cada um faz diferença: se depois de tudo isso você não entendeu que sua conduta importa no mundo eu nem sei. Suas decisões fazem diferença e importam. Você é exemplo, você pode ajudar os outros. Você tem um papel no coletivo.

Nossa casa precisa ter a nossa cara e atender a nossas necessidades: presos em casa, cada cômodo e cada objeto passou a ter um novo papel. Uma besteira que você não gostava passou a incomodar muito agora que tem que olhar pra isso o tempo inteiro, o conforto passou a fazer toda a diferença, os espaços tiveram que ser reestruturados e adaptados a novos usos. Não sei vocês, mas dou muito mais valor a minha casa hoje e a mudança ano passado aconteceu na hora certa porque nem sei como seria na casa anterior.

Nada é impossível se é realmente importante pra você: tivemos que usar a criatividade, tivemos que nos readaptar, foi difícil pra caramba, alguns pratos caíram. Mas o que era importante a gente priorizou e deu certo, a gente achou um jeito. 

Prioridades mudam com o contexto: nossa tanta coisa mudou por aqui. Hábitos mudaram e coisas que eram tidas como usuais ganharam uma importância enorme enquanto outras ficaram de lado. O contexto interferiu nas minhas escolhas e é muito interessante perceber o impacto disso.

A felicidade está nas pequenas coisas: um sorriso, um abraço, uma conversa, um mimo que chega pelo correio, uma comida especial. Cada uma dessas coisas e outras tantas miudezas foram capazes de me trazer tanta alegria que não posso dizer que esses meses foram ruins pra mim. Aprendi tanto e fui tão feliz em família, conheci mais de mim mesma e minhas necessidades, me aproximei das pessoas que eu amo. Tive sorte, eu sei, falo de um lugar de privilégio. Mas é possível enxergar alegria nas coisas do dia a dia também e a mensagem aqui é essa.

Nosso poder de adaptação é incrível: quanta coisa mudou! Se me dissessem quatro meses atrás que eu ficaria os próximos meses trancada em casa eu daria risada e diria que eu ia morrer. Mal sabia eu que não teria escolha e que era sim possível sobreviver e até curtir essa realidade. A gente aprende e se adapta a mudanças, desde que estejamos abertos para isso.

Organização é liberdade: valorizar a organização ainda mais na minha vida foi o que esse momento me ensinou. Espaços organizados me ajudaram a adaptá-los mais facilmente e a economizar tempo de limpeza e arrumação (tarefas de casa que eu acho muito chatas), rotina e atividades organizadas me ajudaram a manter as atividades de todos da família sem maiores impactos. 

Esse período vai ficar na nossa história enquanto humanidade. Vamos contar para os nossos netos, bisnetos, vai constar nos livros de história e de ciência. Meses em que o mundo parou e foi obrigado a se reinventar. O novo mundo, pós pandemia, somos nós que vamos criar. E pensar sobre as nossas lições aprendidas e propagá-las por aí é o que vai fazer a diferença para termos dias melhores pra frente.

You Might Also Like

3 comentários

  1. Realmente a quarentena nos fez atrair a atenção para muitas coisas importantes antes deixadas de lado, deixadas pra depois. A vida mudou e também a nossa percepção do que é prioridade. E, por esse olhar, tem sido uma experiência com pontos positivos que vão ficar pra vida.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Com certeza! E que bom que a gente tá podendo exercitar esse olhar pra nossa vida né? Escolhas produtivas e conscientes pro futuro com certeza. :*

      Excluir

Sou associada ANPOP